Escola Municipal de Educação Infantil "PROFª IVONNE DOS SANTOS DIAS" Bragança Paulista - SP

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Portfólio


Portfólio
Porquê Registrar?

Em nossas indagações e reflexões sobre o currículo e avaliação, principalmente a avaliação na Educação Infantil, nos questionamos como estamos avaliando nossas crianças e se estivermos, quais instrumentos e práticas usamos para esta avaliação?

Sabemos que avaliação é um tema controverso e que envolve a concepção do educador sobre educação e infância, além do contexto social que está inserido.

Dentro desse contexto de reflexões e transformações que a nossa prática pedagógica vem atravessando, nos questionamos : Os métodos de avaliação que usamos são suficientes? (coerentes? eficientes?) São significativos para nossas crianças? É dinâmico e contextualizado com o conteudo que o grupo vem aprendendo? Considera-se a experiência real de cada criança individualmente, ou avalía-se o grupo?

O que temos em comum acordo até agora (equipe pedagógica) , é que a avaliação deve ser pensada como acompanhamento do Processo de aprendizagem, e não como um produto final. E o único caminho que pode nos levar a este processo, é ampliando nossas práticas de
observação, interpretação, registro e análise.

Levantamos alguns pontos que poderão nos orientar nesse novo caminho:

-
Onde estamos?

-Para onde queremos ir?

-Como podemos chegar?

Sabemos onde estamos, que precisamos e queremos mudar.
Queremos chegar numa avaliação onde tenhamos registrado a trajetória de aprendizagens da nossa turma (e posteriormente, do aluno individualmente) e um dos caminhos por onde trilha o processo de observação, registro e análise, é através de Portfólio, Dossiês, ou arquivos Biográficos.
Pensando na importância desse processo, assumimos como meta para 2009, a introdução do Portfólio, para todos os níveis, como instrumento de avaliação do grupo (e também do professor) na nossa escola.

Sabemos que não será uma mudança fácil e nem ocorrerá da noite para o dia, pois como dissemos, envolve vários aspectos e concepções de cada educador, reavaliação das nossas práticas e rupturas de alguns hábitos.

Agora nos resta trabalharmos o "Como fazer", que é o assunto de pauta dos nossos últimos e próximos HTPCs.

Vamos deixar um artigo de Terezinha Guerra - Educadora com ampla experiência em capacitação tecnica de professores, autora de inúmeras publicações na área da educação.

Portfólio
Porquê, O quê, e Quando Registrar.

Pois é, basta nascermos e alguém já corre a providenciar nosso registro! Outros tantos virão pela nossa vida afora, memórias vivas do que já fomos ou fizemos: diplomas, certidões, certificados e quantas e deliciosas fotos de aniversários, formaturas, casamentos, natais, viagens...
E nossos diários e agendas de adolescentes? Quantos registros de momentos mágicos, de sonho e também de tristezas, na época parecendo insuperáveis?
Sim, somos seres de registros, precisamos deles! Aliás, segundo Vygotsky, o que nos diferencia dos animais é o exercício do registro. Desde os tempos mais remotos, em que nossos ancestrais desenharam nas paredes das cavernas até os dias de hoje, em que grafiteiros pintam os muros das grandes cidades, o ser humano sente a necessidade de deixar sua marca por onde passa. Histórias gravadas em pedras, papéis, filmes, fotos...

Enquanto professores, também somos agentes de uma história compartilhada por dezenas de alunos e, nesse percurso, deixamos marcas, elaboramos registros...
Mas, o que seriam registros de aulas ?

Na verdade, todas as produções dos alunos - escritas, desenhadas, cantadas, representadas, dançadas... - são registros. Demonstram de que forma relacionaram, pensaram, simbolizaram, apreenderam, articularam determinados conteúdos e de que maneira esses se concretizaram, se sintetizaram em recortes do conhecimento apreendido.

Elaborar registros escritos é fundamental, pois o ato de escrever sobre aquilo que se aprendeu - ou se ensinou - faz refletir, organiza o pensamento e sintetiza ideias de forma consciente, mais profunda, num exercício de apropriação do conhecimento e de construção de significações.

Para o professor, o ato de registrar - intimamente ligado ao ato de avaliar - possibilita a melhor percepção dos progressos, obstáculos, retrocessos e limites de seus alunos, assim como permite efetuar as intervenções imediatas e apontar possíveis encaminhamentos.
Cada momento de registro é também uma pausa para se repensar a própria prática pedagógica, rever caminhos, tentar novas possibilidades e reafirmar certezas.

Pedir, observar e interpretar os registros dos alunos requer um olhar que vá além das aparências, que busque os significados estéticos, simbólicos, cognitivos; um professor atento, investigativo, sensível, que não despreza pistas, que lê nas entrelinhas, dialoga com seus aprendizes e com sua própria prática e que, acima de tudo, tem clareza do seu papel de educador, dos objetivos do ensinar e aprender e do que pretende com cada uma das situações de aprendizagens propostas.

O quê e quando registrar?

Quando fotografamos um aniversário, por exemplo, tiramos fotos dos momentos mais significativos da festa, aqueles que sintetizam, da melhor forma possível, o evento que queremos registrar, para relembrar o acontecido, para organizarmos nosso álbum de memórias.

Assim também, na sala de aula, registros devem marcar etapas importantes de um projeto ou sequência de situações de aprendizagem.
Podem ser solicitados registros ao se dar início a um novo projeto, com função de diagnóstico; nesse caso, o professor poderá perceber o repertório de seus alunos, tendo, assim, melhor clareza de como orientar seu planejamento a partir das noções e conceitos que a classe já possui, desvelando e ampliando conhecimentos, corrigindo possíveis distorções e atendendo às necessidades e interesses individuais e coletivos.

Registros também podem e devem ser feitos ao final de uma aula, etapa ou momento significativo de um projeto ou sequência didática, quando se pretende verificar o que de fato foi apropriado pela classe até então, observando suas dificuldades e progressos, verificando como se dá a articulação entre o repertório dos alunos e os novos conteúdos trabalhados, pensar intervenções e replanejar ações.

Ao final de um projeto, registros mostram a sistematização do conhecimento, o que de fato foi significativo, quais mudanças ocorreram, se os objetivos propostos foram atingidos, de que forma os aprendizes articularam sua nova aprendizagem
.

Vale relembrar que toda produção dos alunos é uma forma de registro: conversas, desenhos, pinturas, textos, música, poemas, teatro, esculturas... E, é claro, também fotos e gravações!
O importante é que esses registros, todos, tenham legendas, datas e que sejam contextualizados.
Nada mais intrigante (e frustrante!) do que uma foto antiga que ninguém mais se lembra de onde foi tirada, em que época, que pessoas são aquelas ali retratadas... Assim, se o professor faz uma gravação de uma roda de conversa, ou apresentação musical de seus alunos ou os fotografa em uma atividade de pintura, é fundamental garantir todos os créditos: a data, quem são as pessoas ali presentes, qual a etapa do projeto, qual o projeto...
Alunos e professores precisam adquirir o hábito de datar suas anotações, suas produções e de contextualizá-las.

É importante salientar que registros escritos são fundamentais, mas não devem ocupar um período muito grande das aulas.
Todos já vimos pessoas em viagens de férias que passam o tempo todo com uma filmadora a tiracolo... Sim, registram tudo, o tempo inteiro, mas e o passeio? E a festa, o prazer, o conhecimento de uma nova cultura? Fica tudo virtual, tudo visto muito tempo depois, através de uma lente...
É preciso fotografar, filmar, registrar sim, mas apenas os momentos mais significativos, porque infelizmente, nossa memória vai se tornando diáfana, mas, mais importante que tudo, é viver, experienciar, estar ali de corpo e alma!

Desta forma, o que vale mesmo, é o professor estar presente e atento a todas as produções dos alunos, e anotar - estes são os seus registros - de forma individual ou por grupos de aprendizes, como estes se envolvem nas atividades, de que forma resolvem os desafios propostos, que dificuldades apresentam, que soluções encontram para determinados problemas, de que maneira articulam o fazer e o conhecer.
Aos poucos, através da prática do registro, é que o professor vai percebendo quais são os momentos sínteses de cada proposta, de cada situação que merecem ser registrados.

O portfólio


Há algumas décadas atrás, os "registros" da aprendizagem se resumiam a cadernos iguais, encapados iguais, apresentando a mesma sequência de atividades iguais e o melhor aluno era, obviamente, aquele que fosse mais "igual" ao professor, que cobrava cada página ausente (ele sabia a ordem das coisas...) e não aceitava nada além daquilo que ele havia colocado na lousa...

Educadores contemporâneos sugerem a organização dos registros dos alunos - e também os do professor - em portfólios, palavra essa que não deve ser desconhecida dos arte-educadores, pois se trata de uma pasta há muito tempo usada por artistas e arquitetos, que nelas documentam todo seu percurso profissional, selecionando suas obras mais marcantes e significativas.

Cada aluno pode e deve criar seu próprio portfólio - que é individual -, nele guardando suas produções e documentando toda sua trajetória durante um determinado projeto ou ano escolar, sempre orientado pelo professor que, com sua turma pode combinar os critérios de seleção dos trabalhos que dele farão parte: textos, desenhos, rascunhos, projetos, anotações, reflexões, trabalhos individuais ou em grupo, relatórios, marcos significativos de aprendizagem, organizados de forma que evidenciem o envolvimento do aprendiz no processo de ensinar/aprender.
Cada portfólio é único, tem a marca de quem o fez, com a história única, irrepetível de seu autor.

Um portfólio não deve ser visto como uma caixa onde se guardam coisas que não se usa mais, nem organizado de forma mecânica ou burocrática.
Ë algo vivo, dinâmico, que se consulta sempre, que é objeto de reflexão, de análise e de avaliação contínua.

O professor também deve elaborar o seu portfólio, de cada classe, com registros de cada aluno ou grupos de alunos, com suas reflexões, anotações, avaliações, enfim, com a história de seu percurso com aquele grupo de alunos que lhe foi confiado naquele período de tempo.

Portfólios podem e devem ser compartilhados entre os alunos da classe, com outros professores da escola, assim como com os pais.
São como álbuns de fotografias, revelam vidas, contam histórias...

Bibliografia

SMOLE, Kátia Stocco. Inteligência e avaliação: Da idéia de medida à idéia de projeto. Tese de doutorado. FEUSP - SP: 2002.
CENPEC - Centro de Estudos e Pesquisa para Educação, Cultura e Ação Comunitária. . Importância e função do registro. Ensinar e Aprender. SP: 2000
Martins, Mírian Celeste, Picosque, Gisa e Guerra, M. TerezinhaTelles. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. FTD SP: 1998.
CASTRO, Edmilson. A produção do registro do educador: decifrando sinais. Espaço Pedagógico. SP:2001
pal ou com todo o coletivo
FREIRE, Madalena. O papel do registro na formação do educador. Diálogos Textuais. Espaço Pedagógico. SP: 2001
PERNIGOTTI, Joyce Munarski, Saenger, Liane, Goulart, Lígia B., Ávila, Vera M. Zambrano. O portfólio pode muito mais do que uma prova. Pátio. Revista pedagógica. Ano 4 - n.º 12.



Para melhor visualização deste processo, postamos um vídeo da Nova Escola Online, que vem de encontro a esse assunto.

Este vídeo apresenta o projeto da educadora Nota 10, Luciana Nascimento Santos, de São Paulo. Ela nos mostra como montou o portfólio do seu trabalho.

2 comentários:

  1. Não gente... eu preciso conhecer essa escola pessoalmente!!! Mais uma vez sua idéias e reflexões vem de encontro com as minhas!!! Muito bom... Ah terei a liberdade de usar o ortigo da Terezinha Guerra, com os devidos créditos claro. Obrigada

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    1. Olá!!! Eu sou a Luciana do Nascimento Santos!
      Bacana ver o meu trabalho contribuindo com os demais colegas de profissão!
      Fico feliz!
      Um abraço!

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