Escola Municipal de Educação Infantil "PROFª IVONNE DOS SANTOS DIAS" Bragança Paulista - SP

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Folclore é mais do que se imagina


Em geral tratado de forma preconceituosa ou limitada, o folclore é uma área de saberes e expressões que merece muito mais reflexão na hora de ser abordado na escola
No calendário, o folclore tem data marcada para ser lembrado: dia 22 de agosto. E na vida das pessoas, quando ele acontece?


Não raro, o folclore costuma resumir-se nas salas e pátios escolares à comemoração de seu dia, quando são relembradas lendas como a da Iara, do Saci Pererê, do Curupira, entre outras. Como geralmente não se articulam em projetos ou sequências didáticas nem fazem parte do dia-a-dia da instituição, a percepção das crianças em relação ao que é, de fato, a cultura popular tradicional fica muito aquém do que essa área de saberes e expressões tem a oferecer. E, para piorar, o mais comum é que suas manifestações acabam sendo tratadas na escola de maneira preconceituosa – como algo inferior em termos de conhecimento.

O folclore diz respeito à vida de cada um de nós, já que pertencemos a grupos sociais que levam adiante costumes, saberes e valores. Da mais simples receita culinária ao mais complexo ritual de casamento, tudo é compartilhado por um grupo e levado adiante com o passar do tempo e das gerações. Isso acontece somente por uma razão: essas tradições continuam a fazer sentido, inclusive para os mais jovens.

Folclore Não são apenas mitos e histórias
O folclore – ou cultura popular tradicional – vai muito além disso. São saberes que alcançam todas as expressões, conhecimentos e costumes dos grupos humanos, desde que tenham algumas características. Eles devem: 1) ser de domínio e prática coletiva, 2) transmitir-se no convívio social geralmente por meios não-formais de ensino e aprendizagem (eventualmente transformando-se nesse processo), 3) ter presença ao longo de um período histórico e chegar aos dias atuais.

Na escola, só é possível trabalhar com folclore no mês de agosto ou em datas de festas populares?
A cultura popular deve ser reconhecida pela escola, trazida para as discussões em sala de aula e considerada em práticas como a merenda e as reuniões de pais. As mais diversas expressões folclóricas se manifestam no ambiente escolar, mas passam despercebidas ou são até mesmo desaprovadas nesse contexto. Brincadeiras (amarelinha, brincadeira de taco, pega-pega, etc.), hábitos de alimentação (comer manga com feijão, farinha em todas as refeições, misturas de diferentes tipos de ingredientes em um só prato) e datas comemorativas (como o dia de São Cosme e São Damião): tudo isso está presente na vida das crianças e é, direta ou indiretamente, incorporado ao ambiente escolar. Considerar os saberes que as crianças trazem de seus contextos culturais pode levantar diversos elementos do folclore. Um aspecto importante é valorizar esse conjunto de expressões e saberes, e não tratá-los como “crendices” a serem abandonadas. Além disso, a escola pode propor projetos voltados para o estudo de diferentes aspectos das culturas populares. Quando se pensa nisso como algo presente na vida de todos nós, não se corre o risco de tratar outros costumes e expressões culturais como algo exótico e distanciado da realidade.


O folclore deve ser trabalhado apenas nas aulas de arte?
Outra ideia equivocada sobre folclore é que ele se limita a expressões artísticas e que, com isso, a disciplina de Arte seria a única em que faria sentido abordá-lo. As culturas populares dizem respeito aos mais diversos aspectos da vida de um grupo social – entre eles, suas expressões artísticas. Além disso, o enquadramento do folclore apenas às aulas de Arte pode se relacionar com a desvalorização tanto das culturas populares tradicionais quanto da disciplina. Vista por muitos como uma “aula de recreação”, em que não são trabalhados conhecimentos, ela seria o espaço perfeito para tratar o folclore, que também não se relaciona com um trabalho intelectual. Preconceito em dobro a ser quebrado.


Quando o folclore não faz parte do universo cultural dos alunos
Da forma como o folclore é muitas vezes tratado hoje nas escolas – limitado à menção de personagens como Saci Pererê ou Curupira – talvez não se relacione ao universo cultural dos alunos. Mas, como já citado, o folclore faz parte da vida de qualquer pessoa, nem é preciso dizer que se interessar por ele é uma forma de conhecer melhor as crianças, seus familiares e a comunidade.
fonte:http://revistaescola.abril.com.br/folclore/

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