Sendo o professor esta figura tão influente, caberá a ele exercer o papel de mediador dessas diferentes relações: entre as crianças e o saber, entre ele e as crianças, entre as crianças e o mundo que as cerca e entre ela mesma.
Superando esta postura “adultocêntrica”, o professor não elimina seu papel, ao contrário, reforça-o, como ator consciente das responsabilidades e das necessidades infantis. Não se trata apenas de dar informações e moldar comportamentos, mas de criar condições ricas e diversificadas para que cada criança trilhe seu caminho e desenvolva suas possibilidades. Trata-se de trabalhar o grupo e seu contexto respeitando as diferenças sem perder a visão do todo.
Seguindo a idéia de Henri Wallon (1989), o meio é essencial em dois sentidos: Como ambiente e como instrumento. Se o professor está preocupado com a formação de indivíduos autônomos e independentes, de alunos que sejam protagonista de sua aprenzizagem, deverá preparar para este grupo de crianças um ambiente que seja desafiador e acolhedor, possibilitando interações entre elas e delas com os adultos. O espaço da escola e da sala de aula (móveis, materiais, cores, etc ) deverá estar em condições para este desafio.
O espaço e a Socialização
Precisamos saber que, nos primeiros anos de vida, o indivíduo apresenta reações descontínuas e esporádicas, que precisam ser completadas e interpretadas. Devido e essa incapacidade, ele é manipulado pelo outro e é através desse outro que suas atitudes irão adquirir forma. Desse modo, em um ambiente sem estímulos, no qual as crianças não possam interagir desde a tenra idade umas com as outras, com os adultos e com objetos e materiais diversos, esse processo de desenvolvimento não ocorrerá em sua plenitude.
Espaço e Movimento
Ainda se referindo aos princípios pedagógicos de Wallon , quando defende que o Movimento tem um papel fundamental na afetividade e na cognição, podemos depreender que a organização espacial deverá traduzir-se em um espaço amplo onde as crianças poderão movimentar-se com liberdade. Muitas vezes na educaçaõ infantil, vemos as salas de aula sendo organizadas com mesas e cadeiras ocupando o espaço central, o que impõe às crianças uma “ditadura postural”, a qual certamente acarretará problemas de comportamento em algumas delas, pois não se sujeitarão a ficar sentadas por longos períodos de tempo.
A dificuldade de alguns educadores em trabalhar "com corpos que se movimentam" é muitas vezes evidente. Por muito tempo, se afirmou a estratégia de se controlar o pensamento das crianças por meio do controle de seus movimentos. Em algumas práticas docente é comum os arranjos espaciais não permitirem a interação entre as crianças, impossibilitando sua apropriação dos espaços. Há sempre um "lugar nobre" destinado a mesas e cadeiras, e ao quadro negro, os armários fechados com materiais como tintas, pinceis, papeis e lápis de colorir , fora do alcance do aluno. De acordo a essa prática, o que legitima a ideia de turma disciplinada é aquela em que todos permanecem sentados, geralmente fazendo uma atividade fotocopiada que é igual para todos. Ignoram que o ato de brincar/jogar, é algo muito sério para a criança, e que ela pode aprender interagindo com objetos, explorando e descobrindo o mundo.
Espaço e Sensibilidade Estética
É importante termos consciência de que as crianças, passando por diferentes estágios de desenvolvimento, terão, por conseguinte, necessidades diversas também em relação ao meio no qual estão inseridas. A harmonia das cores, as luzes, o equilíbrio entre móveis e objetos, a própria decoração da sala de aula, tudo isso influenciará na sensibilidade estética das crianças, ao mesmo tempo em que permitirá que elas se apropriem dos objetos da cultura na qual estão inseridas.
fonte: Mª da Graça S. Horn - Sabores, cores, sons, aromas. Ed artmed
Esperamos que este artigo nos traga indagações a respeito de como temos organizado e utilizado o espaço do nosso ambiente escolar. Brevemente daremos continuidade neste assunto com o tema: "O que dizem as paredes da sua escola?"
Até Breve!
Equipe da Ivonne
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