Como prometido, postamos alguns registros sobre a segunda palestra realizada no
VI Seminário de Educação Infantil e Séries Iniciais em Águas de Lindóia
Ministrada pela profª Drª Kátia Stocco Smole
VI Seminário de Educação Infantil e Séries Iniciais em Águas de Lindóia
Ministrada pela profª Drª Kátia Stocco Smole
A LINGUAGEM MATEMÁTICA E A QUALIDADE DA EDUCAÇÂO DA INFÂNCIA – Caminhos entrelaçados
- As preocupações com um ensino de matemática de qualidade desde a Educação Infantil são cada vez mais freqüentes, e são inúmeros os estudos que indicam caminhos para fazer com que o aluno dessa faixa escolar tenha oportunidades de iniciar de modo adequado seus primeiros contatos com essa disciplina.
- O conhecimento matemático não se constitui em um conjunto de fatos a serem memorizados; que aprender números é mais do que contar, muito embora a contagem seja importante para a compreensão do conceito de número;
-As idéias matemáticas que as crianças aprendem na Educação Infantil serão de grande importância em toda a sua vida escolar e cotidiana.
- Acompanhar encadeamentos lógicos de raciocínio e comunicar-se matematicamente.
- Preparar um conjunto de ações didáticas que não apenas levem os alunos da Educação Infantil a desenvolverem noções e conceitos matemáticos, mas que também privilegiem a percepção do aluno por inteiro. Nessa perspectiva, a criança deve ser vista como alguém que tem idéias próprias, sentimentos, vontades, que está inserida em uma cultura, que pode aprender matemática e que precisa ter possibilidades de desenvolver suas diferentes competências cognitivas.
- Incorporar atividades que envolvam toda a gama de competências do aluno.
Um exemplo disso é a preocupação em desenvolver atividades que exijam o corpo da criança em ação e a reflexão sobre os movimentos realizados. Tal fato significa que, ao mesmo tempo que propiciamos o desenvolvimento da competência corporal, podemos usar essa competência como porta de entrada para outras reflexões mais elaboradas, envolvendo contagens, comparações,
medições e representações através da fala ou de desenhos.
Para que a aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa:
-seja vista como a compreensão de significados;
-relacionem-se com experiências anteriores, vivências pessoais e outros conhecimentos;
- permita a formulação de problemas de algum modo desafiantes, que incentivem o aprender mais;
-permita o estabelecimento de diferentes tipos de relações entre fatos, objetos,
acontecimentos, noções, conceitos, etc.;
-permita modificações de comportamentos;
- permita a utilização do que é aprendido em diferentes situações.
Acreditamos que, desde a escola infantil, as crianças podem perceber que as idéias matemáticas encontram-se inter-relacionadas e que a matemática não está isolada das demais áreas do conhecimento. Assim, as atividades organizadas para o trabalho não deveriam abordar apenas um aspecto da matemática de cada vez, nem poderiam ser uma realização esporádica
-Usar os cinco sentidos para aprender matemática
0 e 3 anos.
E preciso refletir sobre o que seria o ensino e a aprendizagem da matemática nessa faixa etária. Sabemos que as principais aprendizagens e conquistas das crianças entre 0 e 3 anos estão nos campos da linguagem, da socialização e da percepção espacial. Por isso consideramos que esses três campos devam constituir a base de todo o trabalho com crianças nessa faixa etária.
De fato, acreditamos que aprender a se comunicar, a conviver e a se localizar
permite à criança ser e estar no mundo, constituindo recursos necessários para muitas outras aprendizagens que ela fará nos períodos que seguem, como por exemplo, a noção de número. Afinal, quem imagina que uma criança que não tem a linguagem claramente desenvolvida possa aprender e utilizar a seqüência numérica?
A aprendizagem de matemática é dada em um processo contínuo, no qual as crianças atribuem significados, estabelecem relações, fazem observações, tudo isso a partir, primeiramente, de sua exploração livre do mundo, das interações com outras crianças, das brincadeiras não-dirigidas que a criança faz quando descobre objetos, percebe o espaço ao seu redor, descobre texturas, cores, cheiros, gostos, realiza imitações, brinca de faz-de-conta, etc.
Por esse motivo, as atividades de matemática mais adequadas para crianças antes dos 4 anos são aquelas que se integram naturalmente a ações de brincar livremente, de brincar no parque, ajudar na organização da sala, distribuir materiais, dividir lanches com amigos, explorar objetos livremente, cantar, ouvir histórias, conversar, etc.
É através dessas explorações mais livres que se estabelecem as primeiras relações espaciais de longe, perto, em cima, embaixo, dentro, fora que serão ampliadas mais tarde, aí sim com atividades especialmente planejadas para que as crianças se apropriem dessas idéias e se utilizem das mesmas para se localizarem no espaço.
Uma rotina que contemple tais aspectos e o maior desenvolvimento da linguagem oral permite que, pouco a pouco, especialmente por volta de 4 anos, a criança passe a sentir a necessidade de separar objetos, de contá-los, de conhecer seus nomes, suas cores, suas formas. Só então poderemos propor atividades mais diretas relacionadas ao ensino e à aprendizagem de matemática.
Sobre a autora: Kátia Stocco Smole é Coordenadora-geral do Mathema, coordenadora pedagógica da Rede Salesiana de Escolas.
É doutora e mestre em educação com área de concentração em ensino de ciências e matemática pela FEUSP. Fez licenciatura e bacharelado em Matemática pela FFCL de Moema e cursos de aperfeiçoamento e especialização em matemática no IME/USP.
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