O teor de envolvimento vital de professores e estudantes responde, em grande parte, pela qualidade de seus respectivos desempenhos e dos resultados finais alcançados. É, sobretudo, com o desempenho dos professores, com o nível de sua produção, com a riqueza de sua contribuição, que tem a ver a Gestão Escolar.
Isso implica dizer, acompanhando a visão de Villas Boas (1997), que, ao pensar-se na operacionalização da gestão escolar, os profissionais têm de estar atentos para o fato de que o conjunto de procedimentos postos em marcha pelos modelos administrativos incide sobre pessoas que vivenciam o trabalho educativo.
Em suma, o trabalho do gestor escolar depende, e muito, do relacionamento que se estabelece entre ele e os supervisionados. Ou seja, é no respeito à personalidade do companheiro de trabalho, na justa valorização não só da sua produção, mas do empenho com que a ela se aplica, no suporte oferecido no momento necessário, em seu envolvimento nas ações como pessoa e educador. Assim, o gestor escolar deve primar pela criação de um clima ao mesmo tempo de empatia, segurança e estimulação, onde repousa o êxito do comportamento supervisório.
Para Cardoso (1997), a prática do gestor escolar exige uma constante avaliação crítica de seu próprio desempenho e um esforço continuado de aperfeiçoamento como técnico, mas, especialmente, como pessoa. Para isso, deverá cultivar um maior grau de efeito interativo, condição de mobilização das energias dos professores no sentido dos objetivos educacionais perseguidos. Acima de tudo, deve o gestor escolar se preocupar com a elevação da auto-estima de seus supervisionados, como forma de construir um trabalho cooperativo e respeitoso.
Por isso mesmo, além de iniciativas específicas de treinamento das equipes técnicas e dos professores, todos os momentos do processo supervisório devem ter como objetivo constante, embora oculto, o desenvolvimento dos componentes dessas equipes nos seus aspectos técnicos e humanos, como profissionais da educação e como pessoas. Por outras palavras, todas as discussões, análises conjuntas, estudos individuais, quer na oportunidade do planejamento, da execução ou da avaliação, devem ser vistas como "chances" de enriquecimento e amadurecimento pessoal. É responsabilidade da Supervisão promover condições que contribuam para esse fim (VILLAS BOAS, 1997, p. 69).
Em outra análise, Cardoso (1997) esclarece que, dependendo da escola em que o gestor escolar atua, ele pode, tanto quanto o professor, estar isolado em seu microcosmo, que também limita suas possibilidades de crescimento. O envolvimento com os professores, às vezes de forma autoritária, acarreta irreversíveis mudanças no trato com os colegas, quando esse passa a ser primário, resultando daí maiores dificuldades para se obter resultados objetivos em termos de produtividade e eficiência.
Complementa a autora que, por todas essas razões, a função de gestão escolar só deveria ser executada por pessoas emocionalmente maduras, não se entendendo que alguém sem experiência administrativa possa assumir a responsabilidade de avaliar uma instituição, detectar desvios de padrões indesejáveis, reorientar ações administrativas ou técnico-pedagógicas, se sua palavra não vier fortalecida da força moral que só a experiência e a vivência conferem.
Assim, antes de ser um expert em leis, decretos, portarias, pareceres, deliberações, resoluções, o que se deseja de um gestor escolar é que utilize uma estratégia democrática de trabalho, onde surja, em decorrência, a habilidade da liderança e da comunicação, da percepção que tenha de si e do outro, do autoconceito, enfim, do atendimento às suas necessidades individuais e do clima emocional do grupo.
Segundo Campos apud Cardoso (1997), a estratégia democrática supõe a fiação dos objetivos do grupo, tendo em vista a causa comum, a cooperação voluntária e simpatia dos subordinados, a persuasão no lugar da coação, a preocupação simultânea com a obtenção dos resultados e com o processo de atingi-los, a preocupação com o bem-estar, quer da instituição, quer dos subordinados, que devem ser encarados como seres humanos que pensam e sentem.
Trecho do artigo “A Qualidade do Processo Ensino Aprendizagem a Partir da Auto-Estima do Professor e do Aluno" de LUIS CARLOS RAMOS DE MELO, extraído do http://partilhandosugestoesescolares.blogspot.com
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