Escola Municipal de Educação Infantil "PROFª IVONNE DOS SANTOS DIAS" Bragança Paulista - SP

domingo, 24 de maio de 2009

A organização do espaço como auxílio na aprendizagem


Ao pensarmos no professor como mediador das relações entre as crianças e o saber, entre as crianças e o mundo que a cerca, cai a ele o compromisso de repensar como tem organizado o espaço da sala de aula e da escola e como ele intervém e organiza o ambiente para que as relações de aprendizagem possam ser otimizadas.

O modo como organizamos materiais e móveis, e a forma como crianças e adultos ocupam esse espaço e como interagem com ele são reveladores de uma concepção pedagógica.

Portanto, não basta a criança estar em um espaço organizado de modo a desafiar suas competências; é preciso que ela interaja com esse espaço para vivê-lo intencionalmente. Isso quer dizer que essas vivências, na realidade, estruturam-se em uma rede de relações e expressam-se em papéis que as crianças desempenham em um contexto no qual os móveis, os materiais, os rituais de rotina, a professora e a vida das crianças fora da escola interferem nessas vivências (Rossetti-Ferreira, 1999).
A harmonia das cores, as luzes, o equilíbrio entre móveis e objetos, a própria decoração da sala de aula, tudo isso influenciará na sensibilidade estética das crianças, ao mesmo tempo em que permitirá que elas se apropriem dos objetos da cultura na qual estão inseridas.

A discussão sobre a importância do espaço no desenvolvimento infantil tem, nas diversas correntes da psicologia, um suporte fundamental. Wallon(1989) e Vygotsky (1984)que defendem a perspectiva sócio-histórica de desenvolvimento, relacionam afetividade, linguagem e cognição com as práticas sociais. Desse modo, na visão de ambos, o meio social é fator preponderante no desenvolvimento dos indivíduos.

Logo, o espaço não é algo dado, natural, mas sim construído.

Considerando que cada estágio do desenvolvimento representa um sistema de comportamentos, é na relação com o ambiente que o indivíduo assume determinadas ações, considerando os recursos e as competências que já desenvolveu.

Podemos afirmar que o referencial teórico de Wallon suscita reflexões pedagógicas significativas. Dada a importância que atribui, por exemplo, à tonicidade muscular e postural, podemos depreender que a organização espacial deverá traduzir-se em um espaço amplo onde as crianças poderão movimentar-se com liberdade. Muitas vezes, na educação infantil, vemos as salas de aula sendo organizadas com mesas e cadeiras ocupando o espaço central, o que impõe às crianças uma “ditadura postural”, a qual certamente acarretará problemas de comportamento em algumas delas, pois não se sujeitarão a ficar sentadas por longos períodos de tempo. É importante termos consciência de que as crianças, passando por diferentes estágios de desenvolvimento, terão, por conseguinte, necessidades diversas também em relação ao meio no qual estão inseridas. Quando muito pequena, a criança age diretamente sobre o meio humano, utilizando-se das pessoas para se inserir em seu contexto social. Na medida em que conquista autonomia motora, em que adquire padrões de linguagem mais avançados, conquista recursos cada vez mais refinados para interagir com a cultura e com o mundo que a rodeia. Portanto, enquanto para os pequenos da creche e
do maternal as áreas onde podem correr, saltar, rolar são fundamentais, para os maiores que já freqüentam os níveis IV e V, esse espaço talvez seja reduzido, dando lugar a outras atividades, como pintar, desenhar, brincar de faz-de-conta e de fazer barraca.

Assim, planejar a vivência no espaço implica prever que atividades são fundamentais para a faixa etária a que se destina, adequando a colocação dos móveis e dos objetos que contribuirão para o pleno desenvolvimento das crianças.


Referencia: Sabores, cores, sonse aromas - A Organização dos espaços na educação Infantil. Mª da Graça Souza Horn.

Nenhum comentário:

Postar um comentário