Escola Municipal de Educação Infantil "PROFª IVONNE DOS SANTOS DIAS" Bragança Paulista - SP

sábado, 19 de março de 2011

Planejamento de Ensino

Planejar: coerência para as ações educativas

O Planejamento do Ensino tem como principal função garantir a coerência entre as atividades que o professor faz com seus alunos e as aprendizagens que pretende proporcionar a eles.

O professor tem um papel fundamental de coordenar o processo de ensino e aprendizagem da sua classe. “É preciso organizar todas as suas ações em torno da educação de seus alunos. Ou seja, promover o crescimento de todos eles em relação à compreensão do mundo e à participação na sociedade”. Para isso, ele precisa ter claro quais são as intenções educativas que presidem esta ou aquela atividade proposta. Na verdade, ele precisa saber que atitudes, habilidades, conceitos, espera que seus alunos desenvolvam ao final de um período letivo.

Certamente isso significa fazer opções quanto aos conteúdos, às atividades, ao modo como elas serão desenvolvidas, distribuir o tempo adequadamente, assim como fazer escolhas a respeito da avaliação pretendida.

Quem faz o Planejamento




O planejamento é um trabalho individual e de equipe















A elaboração do Planejamento do Ensino é uma tarefa que cada professor deve realizar tendo em vista o conjunto de alunos de uma determinada classe, sendo, por isso, intransferível. O ideal é desenvolver esse Planejamento em cooperação com os demais professores, com a ajuda da coordenação pedagógica e mesmo da direção da escola, mas cada professor deve ser o autor de seu Planejamento do Ensino. Quantas vezes nós, professores, ouvimos um aluno perguntar: - Professor, por que a gente precisa saber isso? Quantas vezes, no tempo em que éramos alunos, fizemos essa mesma pergunta a nossos professores, sem nunca obter uma resposta satisfatória?


:: Flexibilidade
Vale lembrar que nenhum Planejamento deve ser uma camisa-de-força para o professor. Existem situações da vida dos alunos, da escola, do município, do país e do mundo que não podem ser desprezadas no cotidiano escolar e, por vezes, elas têm tamanha importância que justificam por si adequações no Planejamento do Ensino.

No processo de desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, novos conteúdos e objetivos podem entrar em jogo; outros, escolhidos na elaboração do plano, podem ser retirados ou adiados. É aconselhável que o professor reflita sobre suas decisões durante e após as atividades, registrando suas idéias, que serão uma das fontes de informação para melhor avaliar as aprendizagens dos alunos e decidir sobre que caminhos tomar.

Além disso, as pessoas aprendem o mesmo conteúdo de formas diferentes; portanto, o Planejamento do Ensino é um orientador da prática pedagógica e não um “ditador de ritmo”, no qual todos os alunos devem seguir uniformemente. Ao longo do ano letivo e a partir das avaliações, algumas atividades podem se mostrar inadequadas, e será necessário redirecionar e diversificá-las, rever os conteúdos, fazer ajustes.

:: Registro

Registrar ajuda a avaliação

Vale destacar que a forma de organizar o Planejamento do Ensino aqui apresentado é uma escolha. O importante é o professor ter alguma forma de registro de suas intenções, procurando agir pedagogicamente de forma coerente com os objetivos específicos e gerais traçados no Projeto de Escola e em seu Planejamento do Ensino. A forma como cada professor registra seu Planejamento não deve ser fixa, para que cada profissional possa fazê-lo da forma como se sente melhor. Mas, se um educador deseja ser um profissional reflexivo, que pensa criticamente sobre sua prática pedagógica e se desenvolve profissionalmente com esse processo, ele precisa registrar seu Planejamento do Ensino.

"Redigir o projeto não é uma simples formalidade administrativa. É a tradução do processo coletivo de sua elaboração [...]. Deve resultar em um documento simples, completo, claro, preciso, que constituirá um recurso importante para seu acompanhamento e avaliação."

:: Componentes do planejamento do ensino

O Planejamento do Ensino, chamado também de planejamento da ação pedagógica ou planejamento didático, deve explicitar:

  • As intenções educativas – por meio dos conteúdos e dos objetivos educativos, ou das expectativas de aprendizagem;
  • como esse ensino será orientado pelo professoras atividades de ensino e aprendizagem que o professor seleciona para coordenar em sala de aula, com o propósito de cumprir suas intenções educativas, o tempo necessário para desenvolvê-las);
  • como será a avaliação desse processo.


:: Conteúdos e objetivos

Conteúdo é uma forma cultural, um tipo de conhecimento que a escola seleciona para ensinar a seus alunos. Informações, conceitos, métodos, técnicas, procedimentos, valores, atitudes e normas são tipos diferentes de conteúdos.

Valores são conteúdos aprendidos nas relações humanas, ocorram elas no espaço escolar ou não. sobre esses temas.

Os conteúdos do Planejamento do Ensino são aqueles que guiaram a escolha das atividades na elaboração do plano e são os conteúdos em relação aos quais o professor tentará observar, e avaliar, como se desenvolvem as aprendizagens, pois isso não seria possível fazer com relação a “todos” os conteúdos presentes na atividade.

:: Objetivos

Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino, também chamados objetivos didáticos ou específicos, ou ainda de expectativas de aprendizagem, definem o que os professores desejam que seus alunos aprendam sobre os conteúdos selecionados. A forma tradicional de redigir um objetivo é utilizar a frase “ao final do conjunto de atividades, cada aluno deverá ser capaz de...”. Não há problema em definir dessa forma os objetivos no Planejamento do Ensino, desde que os alunos não sejam obrigados a atingi-los todos ao mesmo tempo. É possível definir esses objetivos descrevendo as expectativas de aprendizagem da forma que for mais fácil de compreendê-las.

Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino são importantes porque muitos conteúdos, os conceitos científicos entre eles, são aprendidos em processos que se complementam ao longo da escolaridade.

Os objetivos educativos do Planejamento do Ensino definem o grau de aprendizagem a que se quer chegar com o trabalho pedagógico. São faróis, guias para os professores, mas não devem se tornar “trilhos fixos”, em seqüências que se repetem independentemente da aprendizagem de cada aluno.


:: Organização das atividades

Organizar as atividades

A principal função do conjunto articulado de atividades de ensino e aprendizagem que devem compor o Planejamento do Ensino é provocar nos alunos uma atividade mental construtiva em torno de conteúdo(s) previamente selecionado(s), no Projeto de Escola, no Planejamento do Ensino ou durante sua realização.

Ao escolher uma atividade de ensino e aprendizagem para desenvolver com seus alunos, o professor precisa considerar principalmente a coerência entre suas intenções – explicitadas pelos conteúdos e objetivos – e as ações que vai propor a eles. Precisa também pensar em como aquela atividade irá se articular com a(s) anterior(es) e com a(s) seguinte(s). Uma atividade que está iniciando o trabalho sobre um ou mais conteúdos é muito diferente de uma atividade na qual os alunos estão discutindo um problema real, visto no jornal, por exemplo, baseados em seus estudos anteriores sobre conceitos que estão em jogo no problema.

As atividades devem ser de acordo com aquilo que se quer ensinar, seja a curto, médio ou longo prazo. A diversidade é uma de suas características principais: assistir a um filme, a uma peça teatral ou a um programa de TV; realizar produções em equipe; participar de debates e praticar argumentação e contra-argumentação; fazer leituras compartilhadas (em voz alta); práticas de laboratório; observações em matas, campos, mangues, áreas urbanas e agrícolas; observações do céu; acompanhamento de processos de médio e longo prazo em Biologia e Astronomia. Idas a museus, bibliotecas públicas, exposições de arte. Pesquisa em livros e revistas, com ou sem uso de informática e Internet. Assistir a uma exposição por parte do professor.

Novamente, deve-se insistir no fato de que a seqüência de atividades que compõe o Planejamento do Ensino deve levar em conta as experiências dos próprios alunos no decorrer de cada atividade escolhida. Existem planos que se realizam quase integralmente, os que se realizam em grande parte, ou aqueles que, simplesmente, precisam ser refeitos tendo como critério a avaliação da aprendizagem dos alunos.

:: Avaliação continuada

A avaliação continuada, ou mediadora da aprendizagem, indispensável no Planejamento do Ensino, é o instrumento por meio do qual o professor procura observar o desenvolvimento de seus alunos à medida que o processo de ensino e aprendizagem está em andamento. Essa observação tem por objetivo regular as atuações do professor, ou seja, dar a ele informações para que seja possível decidir se o que foi traçado no planejamento está correspondendo ao esperado ou não. Sendo que, no segundo caso, o professor precisa, então, refletir sobre o que deve mudar para que as aprendizagens esperadas comecem a se realizar ou melhorem. É importante frisar que essa avaliação não tem por objetivo dar nota aos alunos, mas sim regular o processo de ensino e aprendizagem.

Quando uma professora inicia seu trabalho em uma 2ª série e percebe que quase metade de seus alunos não consegue ler um pequeno bilhete de boas-vindas que ela havia preparado, então, deve começar a pensar no que fazer imediatamente, ou seja, tem que pensar em como irá articular as atividades de forma a proporcionar o desenvolvimento da leitura a todos os alunos, cada um partindo do estágio em que se encontra.

Sempre que um professor dá início ao trabalho com algum conteúdo, deve observar o que os alunos já sabem sobre esse conteúdo. Essa avaliação pode ser chamada de inicial Mas ela não se refere ao início do ano ou do bimestre e, sim, ao início do trabalho pedagógico com um determinado conteúdo. A avaliação inicial auxilia o professor a ajustar seu plano de ensino, principalmente considerando as diferenças entre seus alunos no momento de desenvolver as atividades selecionadas no planejamento.

Ao refletirmos sobre a avaliação mediadora do ensino e da aprendizagem em sala de aula, explicitamos uma função importante do Planejamento do Ensino: ser a referência que o professor utiliza para avaliar continuamente o processo de ensino e aprendizagem, com o propósito de garantir as aprendizagens dos alunos naqueles conteúdos eleitos no Planejamento.

Texto original: Vinicius Signoreli
Edição: Equipe EducaRede
Ilustrações: Michele Iacocca/Acerco CENPEC

segunda-feira, 14 de março de 2011

ENTENDENDO A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM AUTISMO:

Curso:

ENTENDENDO A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS COM AUTISMO:

ESTABELECENDO CONEXÕES ENTRE A COMUNICAÇÃO VISUALMENTE MEDIADA E

ESTRATÉGIAS DE ENSINO NA ABORDAGEM TEACCH

Palestrante:
MARIA ELISA GRANCHI FONSECA

Dias: 29 e 30 de Abril de 2011

http://www.olharespecial.com.br/

domingo, 27 de fevereiro de 2011

ENERGIAS RENOVADAS !!!!

2011 chegou na Escola Ivonne trazendo muitas expectativas e energias renovadas: equipe gestora nova (mudamos de diretora, supervisora e coordenadora pedagógica), novas professoras e funcionárias, professoras antigas no grupo experimentando trabalhar com faixas etárias diferentes, antiga coordenadora pedagógica testando toda sua teoria de gestora numa sala de aula… Início de ano é sempre assim… renovamos nossas forças, testamos novas possibilidades e procuramos sempre em equipe, avançar no processo de evolução do nosso pensamento pedagógico que começou há mais de 10 anos desde que esta escola foi inaugurada. Sendo assim, apesar das mudanças que ocorrem a cada início de ano, nossa equipe caminha como uma unidade, respeitando a história e a identidade da escola, agregando sempre todas as inovações que puderem contribuir com o nosso caminhar.

PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DE 2011:

Todas as educadoras da escola Ivonne iniciam o ano da mesma forma: damos um tempo para que as crianças se adaptem, se acomodem e se sintam acolhidas pela escola. Neste período, de mais ou menos 2 ou 3 semanas, nossas propostas de atividades tem como objetivo observar as crianças em grupo e individualmente  para colher dados e poder com estes dados perceber as necessidades, anseios e expectativas do grupo para que nosso planejamento seja real e tenha sentido. Nosso planejamento portanto é feito após este período com base nas caracterizações de cada sala.

Neste período, nós professoras assumimos por inteiro nosso papel de professor organizador: organizador de sentidos!

A rotina de cada sala começa a se delinear, mas é importante salientar que de maneira alguma esta rotina é vivida de modo rígido e inflexível, tudo está em negociação. Entendemos então que dentro da estruturação espaço-temporal do nosso dia, diversas ações servem para que as observações sejam feitas, veja algumas:

  • RODA DE CONVERSA: esta é, principalmente, o momento em que os elementos do grupo falam, opinam, discordam, concordam, se calam… dão portanto muitos indícios à professora que deve estar na roda como participante, problematizadora e desafiadora. Segundo Piaget, é através das relações interpessoais repetidas, principalmentes aquelas que incluem discussões, que a criança é levada a tomar consciência do outro.
  • ATIVIDADES COLETIVAS: através de práticas coletivas (roda, música na bandinha, jogos de encaixe, quebra cabeça…), que englobam o grupo como um todo, a criança vai percebendo de um lado a importância de cada uma pra o grupo e do grupo no crescimento individual de cada um.
  • PARQUE: o parque aqui não é visto como hora do recreio, na verdade nos oferece pela sua riqueza de variedades de interesses, uma diversidade de observações muito globais (correr, resolver conflitos, formar grupos, organizar regras num espaço muito mais amplo que os que costumam frequentar…) que certamente não são observadas em nenhum outro espaço da escola. Interessante que se possibilite que haja heterogeneidade de idades neste espaço.
  • JOGO SIMBÓLICO: quando uma criança brinca, joga ou desenha ela está desenvolvendo sua capacidade de representar, de simbolizar. É construindo suas representações que a criança se apropria da realidade. É através dos momentos que propiciamos para o “faz de conta” que a criança assimila a realidade externa dos adultos à sua realidade interna. É através destes momentos que a criança registra, pensa e lê o mundo. Assim, todas as turmas da nossa escola reservam um tempo precioso para observar as crianças fazendo de conta.
  • ATIVIDADES DE ARTE: as crianças precisam de um tempo para pesquisas individuais com diversos tipos de materiais e suportes. Este momento em que a criança se expressa artisticamente oferece à professora condições de trabalhar necessidades individuias ou específicas daquele grupo e é também momento de colher dados para a elaboração de atividades planejadas a serem desenvolvidas posteriormente.
  • OUTROS MOMENTOS INTERESSANTES PARA OBSERVAÇÃO: hora da história, músicas,  hora do repouso (para turmas integrais), atividades de movimento, jogos de regras, alimentação… 

SEGUINDO ESTA FORMA DE ORGANIZAR AS PRIMEIRAS SEMANAS DE AULA…

A turma do infantil III integral do período da tarde (15 crianças de 3 anos completos) experimentou uma série de desafios dentro dos eixos Artes Visuais e Identidade-Autonomia, que tinham como objetivo proporcionar à professora “dicas” sobre o processo criador das crianças. Foram propostas 4 atividades em 4 dias consecutivos:

  • pintura com giz de lousa na parede externa da escola;
  • pintura com água e rolinho na parede externa da escola;
  • pintura clássica com dedos, mãos e cotovelos;
  • arte processual.
  • A primeira atividade, pintura com giz de lousa na parede externa da escola, não exige muita preparação nem preocupação com a limpeza do espaço nem das crianças. A liberdade de rabiscar com giz ao ar livre é muito divertida.

*OBSERVAÇÕES DA PROFESSORA: “Algumas crianças passaram apenas 1 minuto desenhando (principalmente as mais novas que completaram 3 anos recentemente), ao passo que outras passaram quase meia hora. Fizeram marcas com muitos estilos e procedimentos, tipo garatujas, tudo com muita naturalidade e frequência. Ter todo o espaço da parede para desenhar foi importante para que usassem os grandes músculos do braço. Percebi que apesar de simples a atividade demandou coordenação entre olhos e mãos, controle muscular e experimentação de traçados e possibilidades. Neste grupo existem crianças que necessitarão de intervenções pontuais neste sentido.”

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  • A segunda proposta, pintura com água e rolinho na parede externa da escola, também não exige preparação ou limpeza. Precisamos de 1 ou 2 baldes com água, rolinhos e pincéis.

*OBSERVAÇÕES DA PROFESSORA: “Para esta atividade convidamos a turma do infantil II da professora Michelle pra brincar com a gente. O dia estava muito quente e tirei todas as camisetas das crianças já prevendo que a brincadeira com água excederia os limites da parede. Eles se interessaram mais por esta atividade do que pela de ontem. A liberdade criativa ficou mais aflorada. Por conta do calor as marcas na parede evaporavam rapidamente, causando grande espanto: _Olha prô! A parede bebe água! 15 minutos após iniciarmos, as crianças começaram a passar o rolinho molhado pelo corpo, não interferi justamente por perceber que isso causou uma sensação muito prazerosa em todos, talvez até maior que pintar a parede, possibilitando muita interação e diversão em grupo.”

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  • A terceira atividade, pintura clássica com dedos, mãos e cotovelos, demandou uma logística de ações para acontecer: todas as crianças sem camiseta e sem sapato, uma ajudante para a lavagem das mãos, preparação da sala de aula para que os 15 tivessem um espaço amplo para trabalhar.

*OBSERVAÇÕES DA PROFESSORA: “Iniciei distribuindo as folhas de papel pardo e pedindo que as crianças escolhessem um local pra trabalhar, alguns quiseram o chão, outros a mesa. Após estarem instalados passei por todos colocando uma quantidade generosa de tinta de duas cores no centro da folha. Quando todos já tinham a tinta a sua frente, disse que iríamos pintar, mas que não tinhamos pincel nem rolinho e que queria que alguém me desse uma ideia do que fazer, a maioria não falou nada, até que um deles disse inseguro se poderia ser com a mão, respondi que sim, mas que podeia ser com mãos, dedos e cotovelos. Causei certo estranhamento quando disse isso, incentivei e os primeiros começaram a se aventurar, disseram que a tinta era gelada e grudenta. Outros ficaram com nojo da tinta e só usaram o dedo indicador. Preferi não interferir para ver até onde experimentariam a tinta por inteiro, alguns realmente se recusaram a se sujar, outros porém fizeram tanta sujeira que fiquei meio desesperada ao perceber que a experiência preferida não era pintar o papel e sim os braços e barriga transformando a atividade numa descoberta sensorial divertida. Percebi que os mais novos ainda tem dificuldade em controlar sua força diante do papel, rasgando-o. Considerei esta atividade importante para observar como as crianças fazem descobertas e cuidam do próprio corpo.”

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  • A última atidade da semana foi nossa primeira experiência com arte processual, onde o que importa é o processo criador e não o produto final. Aqui o procedimento consiste em juntar uma grande variedade de material (canetas hidrográficas, cola, giz de cera e de lousa molhado, retalhos de papel, lápis de cor, palitos de sorvete…) e deixá-los ao alcance das crianças para que possam usá-los de forma independente sem nenhuma orientação, instrução, opinião ou assistência. Sob supervisão obviamente.  Aqui o trabalho da professora é o de observar a criatividade e a maneira como as crianças brincam, manuseiam, investigam, descobrem, interagem e controlam os materiais e seus impulsos.

*OBSERVAÇÕES DA PROFESSORA: “Iniciei distribuindo as folhas de papel A3 e pedindo que as crianças escolhessem um local pra trabalhar, alguns quiseram o chão, outros a mesa. A princípio disse que poderiam fazer o que quisessem com o material que estava disposto numa mesa no centro da sala, todos ficaram esperando mais comandos, quando perceberam que não teriam mais instruções começaram a se movimentar. A grande maioria escolheu a cola e os pedaços de papel pra começar, no entanto percebi que não sabiam usar este material de forma adequada, alguns esvaziaram o tubo de cola sobre o papel de maneira que muitas folhas tiveram de ser substituídas. Neste momento precisei intervir dizendo que usassem a cola com mais cuidado, não adiantou muito e como a proposta era que eu não fizesse intervenções precisei conter minha ansiedade em ajudá-los, algo que ainda é complicado para mim. As crianças passaram então a se organizar em torno dos colegas que estavam tendo bons resultados com a cola para que estes os ajudassem, alguns sentiram a cola cheirando-a e experimentando seu gosto com a ponta da língua. Quando os pedacinhos de papel picado acabaram começaram a colar os palitos de sorvete na folha, esteticamente tudo ficou muito confuso. Apenas 2 crianças fizeram marcas gráficas na folha com os gizes de cera e de lousa, conclui a partir deste dado que o interesse deles girou em torno daquilo que era novidade e desafio: a cola, e que não tiveram experiências deste tipo até então. Assim, pretendo propor outras atividades de colagem para que superem o desafio de usar a cola de forma correta, evitando inclusive seu desperdício. Pude perceber também que todos sentiram muito prazer em suas realizações artísticas e que apesar de gostarem da bagunça se sentiram “sujos” muito rápido querendo lavar as mãos sujas de cola a todo momento. Assim, fica muito claro que as crianças pequenas gostam muito mais de utilizar os materiais do que de criar uma obra acabada.”

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“Nossa tarefa, com relação à criatividade, é ajudar a criança a escalar suas próprias montanhas, a subir o mais alto possível…” Loris Malaguzzi

ATÉ A PRÓXIMA!!!

PROFESSORA LIA CARLA (lialiamorrison@hotmail.com)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Relato de Experiências: O vento!


O VENTO!

Continuando os relatos de Experiências do projeto "Pequenos Descobridores", com a turminha do Infantil III - relatamos agora a extenção do projeto com outro fenômeno.

Numa tarde, enquanto ainda desenvolvíamos o projeto da água, as crianças brincavam com os blocos de montar. As rodinhas de uma das peças se soltaram das mãos de Giulia (3), e saíram rolando pela mesa, Giulia gostou do movimento e passou a soltá-las para repetir o efeito, mas a mesa era plana e as rodinhas logo paravam, insatisfeita ela começou a tentar de outras formas para ver se as rodinhas voltavam a rolar sobre a mesa, mas não conseguia, Ryan (3), que observava atentamente a brincadeira da amiga, sugeriu... - Por que você não assopra assim...

Então descobriram uma possibilidade de fazer algo se movimentar... A brincadeira despertou interesse em todos...

Eufóricos com a descoberta, deixei que explorassem os materiais e dei outros objetos para que experimentassem; tampinhas de pet, tampas, potes de yogurte, lápis e objetos de outras formas, que não eram redondos.

Alguns já descartavam os "não redondo", outros precisavam se certificar que a forma do objeto podia fazer diferença, tentativas até descartar a possibilidade.

Enquanto estavam envolvidos com a descoberta, eu fazia algumas provocações:

-O que é preciso para um objeto rolar ?
-Porque os objetos quadrados não rolam?
-Porque eles logo param?
-O que é preciso fazer para que eles se movimentem?

Num próximo momento, em roda, conversamos sobre as experiências e chegaram às seguintes conclusões:

*Só os objetos redondos rolam...
*Era preciso uma "rampa" (descida) para ele não parar...
*E, se parasse, era só soprar que ele voltava a movimentar...
*Que alguns objetos movem-se rolando, outros deslizando e outros das duas formas.

Construíam o raciocínio lógico-Matemático através de uma atividade de conhecimento físico, (relação de causa/efeito), como nas experiências com a água, sabiam que era preciso uma ação para que houvesse uma reação.

Perguntando à eles porque sopravam e o que saía da boca para fazer as rodinhas se moverem, Matheus Brito respondeu:
-Fumaça!
-Não é ! - Contestou Ryan - É frio!
- Como chama o frio? - Indaguei.
-Vento! - Respondeu Matheus Rodrigues.


Foi então que surgiu a temática do próximo projeto: descobertas e experiências com um fenômeno intrigante, não menos complexo, o VENTO.

Antes de sistematizar o projeto, promovi algumas situações que envolvesse o vento.
O objetivo era que "sentissem" e "vissem" objetos se movimentando com a força do vento.

Aproveitamos o ventoso mês de agosto que favoreceu nossas descobertas.

Descemos pelo barranco; Pelo escorrega; Observamos as árvores; exploramos brinquedos que vôam...

Estimulava-os a perceberem o vento nas situações do dia a dia e na natureza e estas foram algumas das indagações:

- Quem balança a árvore?

- Por que o vento balança as coisas?

- Quem faz as folhinhas das árvores que caem no chão voarem?

- A gente consegue ver o vento?

- O vento Existe?

- Onde o vento Mora?

- Quem faz o vento?

- Porque a gente não consegue pegar o vento com nossa mão?

- Onde o vento nasce?

- Conseguiríamos fazer vento?Como?

- Pra que serve o vento?


Obs.: Algumas destas questões foram elaboradas pelas crianças durante o projeto, outras foram formuladas pela professora para avaliar o pensamento e hipóteses das crianças sobre o assunto.

Passaram a reconhecer o impacto do vento no movimento dos objetos com que brincaram:

Brinquedos que vôam

-Pipa/ capucheta

-Tiras de papel crepom

-Roupas no varal

-Jornal

-Avião de papel

-Cata-vento

-Pegador de vento (com rolinho de papel higiênico pintados colocado tiras coloridas e pendurado nas árvores )

-Papel celofane.

-Árvores

-Ventilador da sala

-Carrilhão de vento

-Sino dos ventos

Confeccionando os carrilhões de vento, para sabermos em qual direção o vento sopra





Cataventos


Pipas de sacolinha e capuchetas



Aviãozinho de papel


Bolhas de sabão gigante

Representaçãos simbólicas

As representações simbólicas por desenho ou faz de conta depois das experiências foram fundamentais no projeto, pois nela as crianças puderam representar é organizar suas idéias e pensamentos.


Prô Elaine Faria


É bom saber...

Há dois tipos de atividade de conhecimento-físico:
-Atividades que envolve o movimento dos objetos (ou mecânica) onde o papel da ação da criança é primário e o da observação é secundário, Ex. deixar uma bola rolar em uma rampa.
-O segundo tipo, são atividades que envolve mudanças no objeto, o preparo de uma receita é um exemplo desse tipo de atividade, no primeiro exemplo os objetos apenas se movem, eles não se modificam, desta forma agora o papel da observação se torna primário e o da ação secundário, porque a reação do objeto não é nem direta nem imediata; ou seja, o resultado não é devido a ação da criança, mas às propriedades do objeto.

fonte: O conhecimento físico na educação Pré-Escolar-Implicações da teoria de Piaget
Constance Kamii e Rheta Devries.

PEQUENOS DESCOBRIDORES

Projeto desenvolvido pela professora Elaine Faria, com sua turminha de Infantil III -

O projeto foi desenvolvido durante o ano letivo de 2010, com temas que partiram das indagações das crianças. Deu início com o elemento Água abordando diversas explorações e no segundo semestre deu continuidade na mesma área das investigações científicas com o fenômeno Vento.

Objetivo geral

Investigações mais profundas sobre os fenômenos físicos e naturais.

Objetivos específicos:

-Participar de atividades que envolvesse a exploração, curiosidade, investigação do ambiente imediato e a ações sobre os objetos, testando suas hipóteses.

-Observação e pesquisa sobre as propriedades da ÁGUA, seus estados, características e transformações, descobrindo, investigando e ampliando seus conhecimentos.

-Reconhecer através de observações e experimentos, certas regularidades dos fenômenos físicos e naturais, identificando os contextos nos quais ocorrem relacionando com sua maneira de viver, ver e representar o mundo.

-Encorajar a criança a estruturar seus conhecimentos de forma que fossem extensões naturais do conhecimento que elas já possuíam.

-Expressar e comunicar suas idéias, sensações e descobertas, ampliando suas significações e forma de explicar o mundo, realizando ações cada vez mais coordenadas e intencionais em constante interação com outras pessoas com quem compartilha os novos conhecimentos.

Água, fonte de descobertas e aprendizagens

Resultados alcançados

Durante o projeto procurei realizar um acompanhamento permanente do processo de aprendizagem dos alunos. Os instrumentos utilizados foram: caderno de registro e observações, fotos, vídeos, áudio, coleta de atividades artísticas, cartazes. Registrava os aspectos observados daquela criança durante o desenvolvimento de determinada atividade, sua participação, comportamento, contribuição, comentários, descobertas, hipóteses, dificuldades, também as atividades artísticas, já que estas tendem a revelar muito o pensamento da criança. A representação simbólica foi muito utilizada para avaliar o processo de aprendizagem dos alunos, através de desenhos, pinturas, histórias e brincadeiras de faz-de-conta.

Houve um contínuo de provocações para aprendizagem durante toda a vida do projeto.

A ampliação do vocabulário revelou a evolução do conhecimento. A organização de pensamento foi avaliada através das situações problemas, onde procurei estimular e encorajar a irem além da observação e descrição dos fenômenos, mas a refletirem, buscando explicações ainda que diferente do real, desenvolvendo suas próprias teorias sobre o assunto. Considero que estas crianças tiveram a possibilidade de criar suas explicações sobre os resultados dos experimentos e futuramente poderão compará-las com aquelas que a ciência propõe.

No final do projeto, pude afirmar que as crianças estavam mais confiantes para expressar suas opiniões, mais expansivas e mais prontas para compartilhar o que pensam, em vez de repetir a resposta dada pelo amigo. As crianças mantiveram interessadas em todas as atividades, comprovando assim que têm condições de pensar também sobre aquilo que não está próximo, do que não é materialmente visível.

Profª Elaine Faria

Para quem desejar conhecer melhor os projetos em todas as suas etapas acessar o blog da profª:

http://educacaoinfantilonline.blogspot.com/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Relatório das atividades do projeto do Infantil IV - B.



O Pequeno Príncipe, o belo clássico da literatura mundial de Saint-Exupéry, abriu espaço para as mais variadas formas de ensinagem e as mais diversas ações.

Como atividades pedagógicas realizamos:


  • confecção das personagens com bonequinhos de tecido;

  • confecção dos planetas visitados pelo príncipe com jornais e tinta;


  • confecção dos pássaros;


  • confecção da rosa com dobradura de celofane;


  • pintamos o céu da noite e do dia;

  • falamos de galáxias e corpos celestes;

  • falamos da flora e fauna brasileira;

  • fizemos a leitura cartográfica do mapa-múndi, do mapa do Brasil e do mapa ilustrado do município de Bragança Paulista, com destaque para lugares conhecidos e animais encontrados no entorno da cidade;
  • trabalhamos com escrita espontânea envolvendo as mais diferentes palavras;



  • fizemos contagem e quantificação de elementos a partir da quantidade de planetas visitados;

  • abordamos questões de educação ambiental trazendo temas como cuidado com o meio ambiente e com o saneamento do meio no qual a criança esta inserida;


  • tratamos da convivência ética na educação infantil e da noção de generosidade;
  • estabelecemos vínculos afetivos entre as coisas e as pessoas e entre as pessoas;


  • falamos sobre a geologia terrestre e sobre fenômenos naturais, tanto que montamos um vulcão;


  • plantamos árvores na escola e conversamos sobre o cuidado que devemos ter com as árvores bebês para que cresçam de maneira saudável ( a alusão a infância da árvore, remete aos cuidados na infância das próprias crianças) ;

  • no momento estudamos as formigas , que infestam os jardins da escola e serão prejudiciais às árvores, e precisarão ser retiradas;


  • desenhamos, pintamos, modelamos e brincamos tendo os elementos essenciais dessa história sempre muito presente em nosso dia-a-dia. A referência ao enredo da história sempre foi constante, tanto que o cantinho do Pequeno Príncipe é algo fixo na sala.

As árvores foram plantadas em função da necessidade de reflorestamento da área, mas supomos que foram plantadas em função da visita do Principezinho ao Brasil e a nossa escola. Assim podes perceber que o jogo simbólico é uma constante em nossas atividades.

Um breve comentário: Não encontrei nada pronto na Internet sobre trabalhos pedagógicos voltados para educação infantil que trabalhasse com esse livro. Talvez porque essa história não seja para crianças tão pequenas, dada sua complexidade. Fui ajustando e criando coisas através de um pensamento simples " a história era apenas uma geradora para o projeto: A criança dentro de cada um de nós", assim comecei a pensar em como eu gostaria de ouvir essa história e como gostaria de aprender sobre as informações que ela traz. Desta forma, passei a ouvir as crianças e procurar, através de suas falas, costurar as tramas do livro em seus interesses, que são vários e simultâneos.


Foi fácil? Não!!

Prazeroso? Muito!!!
Atingiu aos objetivos? Superaram os objetivos!

Agora, se você quiser folhinha de atividades e receita pronta... desculpe-me, não tenho!
Só uma sugestão... seja criativa!!! Seja creança também!!! Conte essa história através de dramatizações, não leia esse livro para eles.. apaixone-se pelo universo do Pequeno Principe e divida essa paixão, assim várias ideias surgirão.


Professora Débora