A turma do Infantil IV - C do ano de 2009, da Escola Municipal Professora Ivonne dos Santos Dias, é uma turma que, embora numerosa, continua interessante
É um grupo bem heterogêneo, onde cada um se destaca por causa de um aspecto, seja criatividade, destreza de movimentos, capacidade rápida de assimilação ou, simplesmente, jeitinho de criança cativante.
Num todo, o desenvolvimento global da turma foi bem proveitoso nesse bimestre. Procurei abordar vários assuntos com a intenção de aproximá-los um pouco do país em que vivem, mas respeitando seus interesses no tocante ao imaginário fabuloso em que estão inseridos nessa faixa etária. Minha turma adora fadas, princesas e super-heróis.
Quando me refiro ao país, falo de contato com a sua brasilidade. Trouxe para elas informações sobre alimentos típicos do Brasil e, também, o conhecimento da origem de sua família dentro do território. Interessante foi à questão do resgate dos artigos usados pelos avôs e avós... Muito legal!
Abaixo segue o relatório geral que será entregue aos pais. Nele pode-se verificar que a valorização e o respeito foram às principais tônicas do trabalho realizado. Digo geral, pois serão acrescentadas as especificações de cada criança a respeito de seu aproveitamento.
Em relação aos muitos conteúdos que foram trabalhados com sua criança, até agora, destaco que o mais importante foi o aspecto social e afetivo.
Essa turma encontra-se numa idade mágica, em que as relações sociais são mais importantes, interiormente, que as relações de aprendizagem. Logo, a ligação emocional com as pessoas e até objetos é muito forte.
Sua criança passou a ‘ver’ o mundo além do muro da casa e a perceber que existem muitas regras e detalhes que ela desconhece e que a amedronta, porém ela é curiosa e busca estruturas para se aventurar na exploração desse mundo.
Pensando nisso, é comum que elas, nessa faixa etária, entrem num mundo da fantasia. Nesse mundo maravilhoso elas se colocam na situação de todos os seres que são mais significativos para ela. É comum o menino se colocar no papel de todos os super-heróis e as meninas no papel de todas as princesas.
Esse mundo imaginário e tão nítido para as crianças faz com que aprendam a conviver com inúmeras situações, desde as alegres até as mais frustrantes e tristes. Elas pensam e, ao pensar, podem achar que o fato ocorreu e até contar coisas que só aconteceu em sua imaginação. Aqui não falamos em mentira, mas sim de fantasia.
Tenha sempre em mente, que você é o principal personagem na mente d
e sua criança e que ela aprenderá através da imitação dos teus gestos. Tome como exemplo que se quiser que a criança aprenda a pronunciar corretamente as palavras, você deverá falar corretamente com ela. Se você quiser que ela fale em voz baixa, você não deverá gritar com ela. Se você quer que ela seja educada e respeite as outras pessoas, você deverá respeitá-la e respeitar outras pessoas.
Embora, aqui na escola, se busque desenvolver a autonomia e a independência das crianças, é muito importante não abandonar as regras de boa convivência em grupo e as regras escolares e, também, a rotina e os limites. Isso ocorre, pois a criança não tem a dimensão dos perigos e nem habilidade para resolver os problemas que surgirem, isso precisa ser construído aos poucos. Qualquer criança quer explorar o mundo, mas ela também quer segurança. Ela precisa ter certeza que tem um ‘herói/heroína’ que não deixará que ela se machuque, que estará ali, cuidando dela, mesmo que ela esteja virando de ponta cabeça na barra de ferro ou colocando a comida quente no prato.
Dentro da estrutura da linguagem oral, todos conversam e relatam fatos
e ideias, livremente, sem problemas de interação. Entretanto, o Caio precisa ser ‘menos enfatizado’, pois cansa seus colegas com sua necessidade de ser superior e/ou notado. Ele tem uma fantasia muito fértil e é inteligentíssimo, mas nem sempre seus monólogos são apreciados pelos outros.
Na linguagem escrita e na aquisição da capacidade de se comunicar através dela e adquirir conhecimentos de alfabetização, minha turma encontra-se muito bem para a idade. Todos conseguem escrever letras e usá-las para escreverem dentro de suas hipóteses. Destaco que o Caio, a Giovana, a Isabele, a Sophia, a Rafaela e o Vinicius Sirqueira são casos curiosos nessa fase de alfabetização. Eles possuem basicamente duas hipóteses de escrita. Quando estão comigo, com supervisão direta ou indireta, ou até me auxiliando na construção de palavras e na leitura delas, demonstram construir sílabas simples corretamente, fazem até a leitura da palavra. Porém, quando estão sozinhos, escrevem silabicamente com ou sem valor e, às vezes, pré-silabicamente.
Na representação e expressão através do desenho, suas representações estão mais detalhadas e coerentes com as suas intenções. Gostam muito de desenhar e tenho que destacar o Jair e o Vinicius Augusto. O desenho deles é uma história em quadrinhos, pois os personagens criam vida e se movimentam. No caso do Jair a frente da folha nunca é suficiente.
No campo do raciocínio lógico-matemático e no reconhecimento dos núm
eros, percebo que a contagem já esteja estruturada e a lógica de raciocínio esteja sendo estimulada e que muitos já contam e procuram estabelecer a relação entre o número e a quantidade. Dei ênfase ao hábito de montar quebra-cabeça como parceiro no desenvolvimento do raciocínio para resolver situações-problemas.
A grande maioria consegue executar movimentos amplos com facilidade. Apenas, a Julia Freitas, o Jair e a Maria Luiza é que precisam ser deixadas mais livres, para poderem se ‘soltar’ e explorar suas possibilidades.
São responsáveis e, dentro da idade, bem organizados. Gostam de ajudar e quando orientados executam atividades de limpeza de suas próprias sujeiras. Embora isso precise se tornar um hábito espontâneo.
Quanto ao desenvolvimento sócio-afetivo, todas são alegres e demonstram estar feliz na escola. Apenas a Maria Eduarda demonstrou certa impertinência e agressão em relação aos pares. Penso que isso esteja relacionado com o fato de ser filha única e bem mimada em casa. Espero resolver esse problema com ações mediadoras e diminuir bem a frequência de conflitos.
Nesse bimestre é apenas isso que tenho a relatar dessa turma.
Bragança Paulista, 09 de Setembro de 2009.
Professora Débora Cristina Ferreira.